Imprimir
Categoria Pai: A Alma e os Sonhos

BOLINHAS 

Você sabe como surgiram as bolinhas de gude?


- Foi assim: Aquela estrela

No céu surgia,

Mostrando a todos

Que era Natal


E, na calçada,

Frente à vitrine

Iluminada

De luz E lua,

Pára

Um menino

De pés descalços.


A praça toda,

Cheia de gente


Ficou deserta


Para seus olhos

Que só olhavam

Para os brinquedos

Ali expostos.


E o menino

Então sonhou!


Ah! Que brinquedos!

Ah! Que ilusão!

Brincar de carro

E avião...

Com carabina,

Ser caçador!


Ou um caubói

Lá do cinema...

Ou um bombeiro...

Espadachim!

Até, quem dera,

Ter um robô!


A porta cruel

De aço frio,

Cortou-lhe brusco

O sonho bom...

E o homem frio

De sentimentos

Gritou-lhe: fora!

E o empurrou!


E, lá do alto,

Papai-Noel,

Que contemplava,

De mãos atadas,

De saco murcho,

A encenação,

Teve um rancor...


Seus velhos olhos,

Azuis passivos,

Gotejaram,

Gotejaram

Até o chão...


Lágrimas tristes,

Em multicores

Contestações!


E, aqueles pingos,

Quando caíam,

Viraram bolas,

Bem coloridas,

Que se embatiam,

Que se espalhavam,


Multiplicavam

Nas colisões!

E, o menino,

Que estava triste,


Pôs-se a brincar,

Jogando as bolas,


Pra que a fubeca,

Lindo brinquedo

Das colisões,

Nunca acabasse!

Meninos ricos

Então chegaram,

E até pediram

Para brincar!

Mas, qual o que!

Não há quem deixe

Menino rico

Sujar as mãos!


O gude é lindo!

Emocionante!

Modalidades?

Tonalidades?

Tem mais de mil!


Menino pobre

Ganhou brinquedo.

É um folguedo

Somente seu!

Pudera...


 - Não seriam as bolinhas de gude, as lágrimas daqueles pais... quase pobres?