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Meu primeiro site, todo "feito à mão" por meus filhos, ficou completamente obsoleto e a tecnologia o tirou do ar. Tento, agora - dezembro de 2018 - recompor suas matérias que, com tanto carinho dediquei à minha querida Terra Natal, quando reencontrei minhas origens e me identifiquei como um ser humano brasileiro, mineiro do centro-oeste de Minas, com raízes na revoltosa Pitangui, último reduto paulista nas Minas Gerais.

Meu nome é Tarcísio e nasci em Moema, aos 26 de junho de 1949. Em 1951, com menos de dois anos de idade, fui-me embora com a minha família, que se sumiu na poeira da rodovia, para Uberaba.

Foto Moreira - Rodoviária, Uberaba - MG, 1951

Vivemos lá durante onze anos. Em 1962, mudamo-nos para São Paulo, onde vivemos até hoje. Moema, nunca mais. Mas não conseguia esquecer. Cresci ouvindo de minha mãe as histórias de Moema e de seu bondoso povo. Aos quinze anos, já em São Paulo, fiz-lhe uma tentativa de poesia:

Todos cantam sua terra,

eu não sei cantar a minha...

migrei bebê.

O pouco que dela sei,

foi minha mãe quem contou;

o pouco que dela herdei,

foi minha mãe quem plantou.

Sei que não é enorme;

MOEMA é o nome que sei,

sei que quando ela dorme,

vêm-me ruas que sonhei!

Todos cantam sua terra,

eu não sei cantar a minha...

migrei bebê.

O pouco que dela sei,

os meus instintos contaram;

do pouco que dela herdei,

meus sentimentos brotaram!

Não sei se é a maior

e, tampouco, sei se sei;

sei que sinto um amor,

um amor que precisei!

Todos cantam sua terra,

TAMBÉM VOU CANTAR A MINHA!

- Moema,

um amor que não vi,

mas sinto.

E senti muito quando, procurando conhecer mais alguma coisa de minha cidade, fui à Biblioteca Municipal de São Paulo (Mário de Andrade) onde, tudo que pude encontrar foi o pequeno texto contido na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros editada em 1957. Desde aquela tarde cinzenta, comprometi-me comigo mesmo de, algum dia, iniciar um levantamento histórico da minha querida e desconhecida cidade.

Biblioteca Mário de Andrade. São Paulo. Foto: Jose Cordeiro/SPTuris

Em 1983, durante as férias de julho, fui conhecer a minha Doce terra. As suas ruas, por incrível que pareça, eram do mesmo jeitinho que sempre as vira em meus sonhos infantis. Fui ao cemitério municipal onde, em 1948, fora enterrado o meu pai. Depois, saí pelos cerrados e pude conversar com cada planta silvestre, em cujas flores via, em cada uma delas, um pouco do meu velho pai que, a esta altura, já há muito tempo nelas se transformara. 

Fiquei conhecendo o meu querido padrinho de batismo José Evaristo de Lacerda e a minha bondosa madrinha Lourdes.

Depois, acabadas as férias, voltei para o cinzento de minha melancolia em meio à fumaça de São Paulo.

Somente em julho de 1985, pude voltar a Moema. Desta feita, pude encontrar um menino de doze anos, do qual a minha mãe sempre falou. Um menino queimado do sol e já com os cabelos um pouco grisalhos. Pudera! muitos anos se haviam passado desde que fora o meu padrinho de crisma.

Meu padrinho Rafael Bernardes Ferreira, então, Prefeito de Moema. Ele entusiasmou-se e entusiasmou-me, não só pelo encontro do padrinho e do afilhado, mas também pela ideia de se escrever um histórico de Moema, o que, também a ele, há muito tempo preocupava. Deu-me todo o apoio para que pudesse encetar as primeiras pesquisas.

Depois, juntamente com o professor Fernando Cardoso, entrevistamos muitas pessoas vividas de Moema e percorremos as cidades de Bom Despacho, Santo Antônio do Monte e Belo Horizonte a procura de informações e documentos para, numa primeira fase, iniciarmos os estudos.

Descoberta a principal fonte de informação, qual seja, o Arquivo Judiciário de Pitangui, pudemos obter as informações necessárias para poder terminar este modesto livrinho.

Assim, ofereço este trabalho, através da prefeitura municipal, ao povo de Moema. Ofereço-o, porém não como um produto acabado - longe disto - ofereço-o como uma enzima para fermentar o interesse de toda a população no sentido de, não apenas levantar e conhecer a nossa História, mas também, de cultivá-la, amá-la e ensiná-la aos filhos.

MOEMA, 11 de agosto de 1987

TJMARTINS

 

Em 21 de maio de 1998, a Câmara de Vereadores da Cidade de Moema, com o apoio dos professores da cidade, através da Lei nº 732/98, oficializou a segunda edição livro. Apresento, agora, a SEGUNDA EDIÇÃO ampliada e revisada do livro "Moema: As origens do Povoado Doce" a todos os mineiros do Centro-Oeste, do Triângulo, Sudoeste e Sul de Minas, bem como, a todos os paulistas no Leste e Nordeste do Estado de São Paulo.

SÃO PAULO, 03 de setembro de 2001

TJMARTINS